Quem é Profª Valmara Camargo?
Nasci no interior de Minas Gerais. Morávamos em uma casa bem precária em uma área de brejo. Não tínhamos água encanada, banheiro e nem energia elétrica. Buscávamos lenha e água. Recordo com muita alegria quando ia buscar lenha e água com a minha tia.
Meu primo e eu, adorávamos andar de perna de pau, amava pescar e subir em árvores. Minha mãe era mãe solteira, fomos abandonadas pelo meu pai. Ela tomou decisões difíceis em virtude da pobreza.
Aos 7 anos iniciei os estudos, confesso que não gostava da escola. Algum tempo depois, mudamos para a cidade de Perdões, em Minas Gerais. Minha professora do 1º ano era linda, angelical e olhava sempre nos meus olhos. Ela me cativou de tal maneira que não faltava nenhum dia na escola.
Continuei a me dedicar aos estudos, mas confesso que nunca mais encontrei uma professora como a Cidinha. Esta professora foi um divisor de águas em minha vida. Moramos 2 anos em Careaçu e enfim, minha realizou seu sonho de chegar no estado de São Paulo. Mudamos para Atibaia, lembro que no ônibus vi uns prédios na cidade de Bragança Paulista, nunca tinha visto
Mudamos para um cômodo na entrada cidade. Não tínhamos banheiro, usávamos um banheiro coletivo, pois tinha mais pessoas que moravam naquele lugar. Minha mãe me matriculou na escola Estudante Edinaldo Aparecido Salles, no 5º ano. Adorava minhas professoras. Passei para o 6º ano, fui estudar na escola maior como nos referimos a escola Francisco de Aguiar Peçanha. Estudei até a 3ª série do Ensino Médio. No Ensino Médio comecei a trabalhar na Papelaria Global. Havia feito alguns “bicos” como balconista, vendedora de títulos de clube
Aos 18 anos prestei concurso para telefonista para a prefeitura de Atibaia. Alguns meses depois fui convocada. Já fazia anos que morava com a minha mãe em outro bairro, o CTB, em uma garagem. Lembro que o seu Dito ficou com dó da minha mãe e alugou a garagem para morarmos. Não tínhamos banheiro dentro de casa e usávamos um banheiro que ficava no quintal. Tempos muito difíceis, porém, nunca nos curvamos, sempre olhamos para a frente. Conclui o Ensino Médio.
Prestei vestibular e passei na UNESP de Rio Claro, curso de Pedagogia. Não consegui prestar o vestibular da UNICAMP, pois não tinha dinheiro para custear todos os custos. Marquei com a minha mãe um horário para irmos na rodoviária de Atibaia. Cheguei na rodoviária e disse para a minha mãe. Não vou para a UNESP, meu sonho é estudar na UNICAMP. Na hora me despedi da minha mãe e fui até o Colégio Objetivo. Pedi para falar com o diretor. O diretor muito educado me atendeu, expliquei que precisava de uma bolsa de estudos pois tinha que passar na UNICAMP
Eis que o diretor me lançou um desafio, te dou a bolsa, porém, você tem que ficar no primeiro ou segundo lugar nos simulados que serão realizados toda semana. Consegui e me dediquei arduamente aos estudos. Trabalhava na prefeitura de Atibaia e ia a pé até o colégio Objetivo para estudar à noite. Prestei UNICAMP e passei no curso de Geografia. Exonerei do meu cargo e fomos para Campinas. Sem emprego, rapidamente consegui uma bolsa trabalho na Secretaria de Graduação do Instituto de Geociências. Minha mãe conseguiu trabalho e seguimos com a nossa vida. Fiz iniciação científica, consegui uma bolsa do CNPq. Em 2000, teve um processo seletivo para o IBGE. Trabalhei como uma das supervisoras do Censo em Campinas.
Alguns meses depois, prestei concurso para a prefeitura de Campinas como monitora educacional. Cursava a licenciatura e o bacharelado ao mesmo tempo. No término da faculdade recebi o convite para trabalhar em um colégio particular em Atibaia. Mudei para Atibaia novamente. Algum tempo depois, prestei concurso para a Secretaria Estadual de Educação. Fui para São Paulo para escolher a vaga e para a minha felicidade, iniciei a docência no estado na escola estadual José Alvim. Trabalhei em outros colégios particulares e em 2006 fui admitida no Colégio CEFI. Permaneci por aproximadamente 13 anos. Trabalhei aproximadamente 15 anos na escola José Alvim.
Resolvi cursar Pedagogia e em 2018 abriu concurso para diretor de escola no município de Atibaia. Passei e realizei meu sonho de trabalhar na zona rural. Em 2019, fui diretora da escola municipal Eva Cordula Hauer Vallejo. Em 2020, me removi para a escola municipal professora Rita Lourdes Cardoso de Almeida Alvim. Permaneço na direção desta escola que tem uma comunidade maravilhosa e crianças incríveis. Trabalhei muito na Pandemia para que a educação continuasse a pulsar nos lares das crianças. Utilizamos o transporte escolar por aproximadamente 1 ano e 6 meses. Tinha uma parceria com a mercearia no Sul Brasil. Deixávamos as atividades impressas para que as famílias pudessem buscar também nos fins de semana.
A experiência de levar as atividades para as crianças e conhecer a realidade de cada família, me despertou para a política. Só por meio da política conseguimos fazer as transformações que precisamos no Brasil.
Sou uma lutadora pela educação de qualidade e sou defensora do direito de aprendizagem das crianças, por isso resolver sair da indignação para a ação. Estão lembrados da professora Cidinha que relatei? Ela foi uma grande responsável por ter me tornado uma professora que olha nos olhos das crianças e atualmente, uma diretora que luta por uma educação de qualidade e efetiva para todas as crianças.